domingo, 18 de setembro de 2011

O brilho nos olhos


O ator (eita ser estranho!)
Na ânsia de se ver em cena
Necessita de um espelho
Que forme à sua frente uma imagem
À semelhança de si.

E que espelho mais verdadeiro que o brilho dos olhos?
Que forma à sua frente um espelho d’água
Mais preciso que qualquer outro espelho.

E o ator, carente como é
Pode então se enxergar
E vai vivendo de olhar em olhar.

E o público, 
Se tranformando em artista,
Faz brilhar os olhos do ator
E não se sabe mais quem é ator
E quem não é.

Talvez seja essa a “missão” do ator em cena:
Despertar o brilho dos olhos
Para que seus olhos também brilhem
E como espelhos se refletindo frente à frente
Formem um infinito.

Que meus olhos possam fazer brilhar os teus
   E que os teus devolvam o brilho aos meus
   Para que mesmo quando se apague o refletor
   A cena continue iluminada.