O ator (eita ser estranho!)
Na ânsia de se ver em cena
Necessita de um espelho
Que forme à sua frente uma imagem
À semelhança de si.
E que espelho mais verdadeiro que
o brilho dos olhos?
Que forma à sua frente um espelho
d’água
Mais preciso que qualquer outro
espelho.
E o ator, carente como é
Pode então se enxergar
E vai vivendo de olhar em olhar.
E o público,
Se tranformando em
artista,
Faz brilhar os olhos do ator
E não se sabe mais quem é ator
E quem não é.
Talvez seja essa a “missão” do
ator em cena:
Despertar o brilho dos olhos
Para que seus olhos também
brilhem
E como espelhos se refletindo
frente à frente
Formem um infinito.
– Que meus olhos possam fazer
brilhar os teus
E que os teus devolvam o brilho
aos meus
Para que mesmo quando se apague o
refletor
A cena continue iluminada.