terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Inconstância

Faz um tempo que não escrevo
talvez tenha me perdido no caminho
correndo contra o tempo
sem descanso
buscando energia
para continuar.

Se alguém me parasse e me obrigasse a falar...
eu talvez chorasse
ou talvez não

Abri um envelope antigo,
(na verdade um saquinho de papel pardo)
letras tombadas, distantes
que diziam, usando palavras alheias:

"A coragem abandonou nossa raça. Talvez na verdade nunca a tenhamos tido. [...] Contudo, creio que se um homem devesse viver a sua vida em toda a plenitude, dar forma a todos os sentimentos, expressão a todos os pensamentos, realidade a todos os sonhos, creio que o mundo ganharia um novo impulso de alegria que nos levaria a esquecer todos os males do medievalismo e a regressar ao ideal helénico."


Lembrei-me de um tempo qualquer
quando a inocência ainda persistia
(talvez ainda persista até hoje)

Um ambiente verdejante
uma semi-arena
uma pessoa
outra pessoa
um abalo sísmico metafórico
e o tempo então se estancou

Aquilo nunca havia acontecido
não daquela forma
leves plumas bailavam no ar
enquanto a terra não parava de tremer
desde então me desconheço
vago pelos cantos
inconstante

Talvez devesse jogar fora minha bússola
minhas cartas geográficas
teorias e teoremas
e seguir meu coração
Mas sou racional demais para isso

Na verdade assumo:
tenho medo do inseguro
tengo miedo del amor y no saber amar
tenho medo de ficar só
tenho medo de dobrar a esquina e deixar alguém esperando
tenho medo de não conseguir

Por ser inconstante
vezes creio
vezes descreio
talvez algum ser racional observando meus atos diga:
"Atire-o ao mar!"
talvez um ser insano diga:
"Continue criatura..."
talvez um ser imaginário diga:
"Dê-me tua mão e caminhe comigo talvez possamos encontrar o caminho"

Talvez eu diga sim
talvez diga não
inconstante que sou.



sábado, 4 de dezembro de 2010

FIM DE PARTIDA - divulgação



Fim de Partida

Texto de Samuel Beckett

Ficha técnica:

Direção: Mara Leal

Preparação corporal e vocal: Kalassa Lemos e Paulina Caon

Dramaturgia: Mara Leal e Paulina Caon

Cenografia e Programação Visual: Emilliano Freitas

Figurino/Envelhecimento de figurinos: Catia Vianna

Iluminação: Camila Tiago

Paisagem Sonora: Andrigo de Lázaro

Produção: Elisa Villela

Elenco:

Alessandra Ramos

Carol Coutinho

Bárbara Prata

Bruna Bulkool

Daiana Soares

Eduardo Humbertto

Jordanna Alves

Luiz Sabino Júnior

Maíra Rosa

Marcos Prado

Ricardo Fiuza

Thábatta N. Ferreira

Vinícius Fonseca

Wesley Mello


Quando: de 09 a 14 de dezembro às 20h

Onde: Sala de Encenação – Bloco 3M – Campus Santa Mônica – UFU

Entrada Gratuita

Reservas pelo e-mail: fimdepartida@bol.com.br

Público limitado


Este trabalho é resultado das Disciplinas Estágio Supervisionado de Interpretação/Atuação I e Práticas Teatrais I, coordenadas pelas professoras Mara Leal, Paulina Caon e Kalassa Lemos, do Curso de Teatro da Universidade Federal de Uberlândia.


“Fracassar, fracassar mais, fracassar cada ver melhor” (Beckett)

Samuel Beckett (1906-1989), dramaturgo irlandês radicado na frança e prêmio Nobel de literatura, é exemplo da complexidade da dramaturgia do século XX. Seus textos são, ao mesmo tempo, considerados obras com forte carga autobiográfica e extremo formalismo. Vê-se em sua obra forte eco dos horrores das guerras que destruíram a Europa no século XX e que o próprio autor viveu, mas de forma depurada por intensa convenção teatral. Exemplos clássicos são Esperando Godot(1952), Fim de Partida (1956) e Dias Felizes (1961), onde personagens vivem situações limites em ambientes desoladores.


Característica peculiar de Beckett é o peso do encenador que o autor imprime em suas obras, já que suas rubricas indicam não só as ações e intenções dos personagens como definem a criação da atmosfera da cena através da luz, figurino, cenário e sonoplastia. Essa forte indicação cênica passa, como o tempo, a ir para a cena, uma vez que a partir de 1952 ele começa a dirigir vários de seus textos.

Diante de autor tão significativo, a encenação buscou, em conjunto com os vários artistas envolvidos, descobrir as relações com o absurdo do nosso cotidiano, partindo de um processo colaborativo. Além do texto Fim de Partida, há inclusões de trechos de Dias Felizes e da peça curta Vai e Vem.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

12:50 AM

Penso no que se passa
E no que se pode pensar
Os minutos se acumulam
De grão em grão
De grau em grau

O tempo passa
se passa
e me passa

O sangue circula cada vez mais devagar
E devagar mais sangue circula
Meu peito está apertado
E minha respiração fora de ritmo
Tudo causado pela falta

Do quê?