talvez tenha me perdido no caminho
correndo contra o tempo
sem descanso
buscando energia
para continuar.
Se alguém me parasse e me obrigasse a falar...
eu talvez chorasse
ou talvez não
Abri um envelope antigo,
(na verdade um saquinho de papel pardo)
letras tombadas, distantes
que diziam, usando palavras alheias:
Lembrei-me de um tempo qualquer
quando a inocência ainda persistia
(talvez ainda persista até hoje)
Um ambiente verdejante
uma semi-arena
uma pessoa
outra pessoa
um abalo sísmico metafórico
e o tempo então se estancou
Aquilo nunca havia acontecido
não daquela forma
leves plumas bailavam no ar
enquanto a terra não parava de tremer
desde então me desconheço
vago pelos cantos
inconstante
Talvez devesse jogar fora minha bússola
minhas cartas geográficas
teorias e teoremas
e seguir meu coração
Mas sou racional demais para isso
Na verdade assumo:
tenho medo do inseguro
tengo miedo del amor y no saber amar
tenho medo de ficar só
tenho medo de dobrar a esquina e deixar alguém esperando
tenho medo de não conseguir
Por ser inconstante
vezes creio
vezes descreio
talvez algum ser racional observando meus atos diga:
"Atire-o ao mar!"
talvez um ser insano diga:
"Continue criatura..."
talvez um ser imaginário diga:
"Dê-me tua mão e caminhe comigo talvez possamos encontrar o caminho"
Talvez eu diga sim
talvez diga não
inconstante que sou.