Faz tempo que queria escrever...
mas não sei o que acontecia...
talvez fosse necessário tirar umas férias...
e por mais que me esforçasse minha mente insistia em não funcionar...
estive até mesmo meio aéreo (digo, mais que o normal).
Talvez o tempo tenha condensado o sangue em minhas veias e a chuva enferrujado minhas articulações...
Talvez tenha ocorrido uma infiltração e meu coração esteja um pouco mofado...
Mas nada que água sanitária com amaciante (pra dar um cheirinho) não resolva.
Caminhei sobre as águas na direção contrária ao cais.
Distanciei-me tanto que mal podia avistar o farol...
Afastei-me das pequenas embarcações na busca tresloucada por mim mesmo...
Mesmo longe ele está ali... tão perto que não posso tocar
Apenas ondas nos permitem a comunicação
E quando posso... estou ocupado demais para lhe falar
(Para me falar)
Coisa que seja
Talvez seja melhor... não escute besteiras...
E tão perto e tão longe,
Que não me vêem,
Que não me escutam.
Esse turbilhão melancólico
Sem sentido, talvez...
Passaram-se segundos, minutos, horas, dias, meses, anos...
A Lua passou, dias atrás, no ponto mais próximo da órbita da Terra...
mas estava chovendo.
Não sei o que acontece...
mas alguma vem se modificando em mim...
espero que para melhor...
Meu coração aos poucos volta a bater...
minha respiração vai se modificando...
meu cérebro vai voltando à sua atividade normal...
Talvez seja o tempo chuvoso que anuviou meus olhos, minha boca, meu peito.
Aos poucos vou buscando aquilo que perdi (ou não) no turbilhão paranóico-multidirecional-tragi-cômico do meu pensar...
Talvez encontre comigo mesmo na esquina, espelho ou mesmo numa poça d’água...