sábado, 29 de janeiro de 2011

Terra dos Homens - citação

Mais coisas sobre nós nos ensina a terra que todos os livros. Porque nos oferece resistência. Ao se medir com um obstáculo o homem aprende a se conhecer, para superá-lo, entretanto, ele precisa de ferramenta. Uma plaina, uma charrua. O camponês, em sua labuta, vai arrancando lentamente alguns segredos à natureza; e a verdade que ele obtém é universal. Assim o avião, ferramenta das linhas aéreas, envolve o homem em todos os velhos problemas.

Trago sempre nos olhos a imagem de minha primeira noite de vôo, na Argentina – uma noite escuraonde apenas cintilavam, como estrelas, pequenas luzes perdidas na planície.

Cada uma dessas luzes marcava, no oceano de escuridão, o milagre de uma consciência. Sob aquele teto alguém lia, ou meditava, ou fazia confidências. Naquela outra casa alguém sondava o espaço ou se consumia em cálculos sobre a nebulosa de Andrômeda. Mais além seria, talvez, hora do amor. De longe em longe brilhavam esses fogos no campo, como que pedindo sustento. Até os mais discretos: o do poeta, o do professor, o do carpinteiro. Mas entre esas estrelas vivas, tantas janelas fechadas, tantas estrelas extintas, tantos homens adormecidos...

É preciso a gente tentar se reunir. É preciso a gente fazer um esforço para se comunicar com algumas dessas luzes que brilham, de longe em longe, ao longo da planície.

(Antoine de Saint-Exupèry, no livro Terra dos Homens.)

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Um passarim


Um passsarim avuando sem rumo

sem direção.


De longe não enxerga muito,

mas seu coração pode sentir o brilho das estrelas.


Num vôo a mil por hora, a mil pensamentos por minuto,

se perde

e se encontra.


Talvez se ele tivesse um mapa ou uma bússola...

ele se perdesse e se encontrasse

do mesmo jeito.

E esse pasarim era eu

(tempos atrás).


Hoje enxergo ele avuando por perto de mim

de novo.


Todo dia escuto ele cantando perto da minha janela

e fico feliz de tê-lo por perto.


Decidi fazer uma casinha, bem pequenininha,

pra ele ficar quando vier me visitar.


Sei que ele não pode ficar por muito tempo

mas essa casinha é o meu coração.


Mesmo longe ele sempre estará aqui dentro

cantando...

E se ele chorar eu saberei.


Peço todo dia ao Universo

para que os ventos soprem a favor do passarim...


E que mesmo triste ele cante,

e no seu cantar se encante,

e em seu encanto se alegre,

e que sua alegria seja contagiante.


Por que se ele estiver alegre eu também saberei

E meu coração se alegrará

porque o passarim lá dentro está

então chorarei


de felicidade...

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Sobre homens, buracos negros e supernovas


Paro muitas vezes para pensar no Universo... e nesse pensar me desloco para muitos lugares, ondas sonoras atravessam os espaços entre os átomos que constituem meu corpo físico... vago pelos tratados de alquimia, magia, ciências, teologia... e mesmo, aparentemente, não chegando a lugar algum, penso. E, se Descartes estiver certo, existo.

Cada vez mais acredito que tudo que acontece ao nosso redor, e mesmo a distancias inimagináveis, de alguma forma também se passa dentro de nós. Como se o Universo dissesse muito a nosso respeito e, da mesma forma, se buscássemos dentro de nós, encontraríamos verdades sobre o Universo, seus buracos negros e supernovas. O trecho: “Assim na Terra como no Céu”, interpretado de uma outra maneira seria um perfeito tratado de Física, Química e Biologia, além de outras ciências e humanidades.

Quando penso que as relações que acontecem em escalas astronômicas, também acontecem com o átomo, acredito que somos pequenas personificações atômicas integrantes de um sistema maior e que talvez, dentro de mim outras personificações, menores ainda, se propõem os mesmos questionamentos...

Aquariano que sou não consigo ficar alheio a essas indagações. Mas não sou cientista, sou apenas um menino nu correndo tresloucado por um planeta rodopiante boiando no espaço sem fim.

De minha janela aberta vejo formigas, carros, trilhos, pássaros, aviões, foguetes, naves, estrelas, satélites, supernovas, asteróides...

E tudo está dentro de mim

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Sobre homens e ovos


Temos vida em nossas mãos


Vida frágil

Como um ovo

O que realmente importa

Está dentro

Ou não?


Cada um de nós é um universo

Em cada universo, uma realidade

Em cada realidade, uma dúvida


A cada dúvida, uma busca

A cada busca, uma perda

A cada perda, um encontro

A cada encontro, uma lágrima


Em cada lágrima, um suspiro

Em cada suspiro, expansão


A cada expansão, um abrir de olhos

Em cada olhar, imensidão

Na imensidão, o vazio

No vazio, possibilidades

Em cada possibilidade

Um sim

Um não



“A ave sai do ovo.O ovo é o mundo. Quem quiser nascer precisa destruir um mundo.”

Herman Hesse

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Dias de Chuva

Chove lá fora e eu aqui

Chove aqui dentro

Meu sangue forma gotas de chuva

Meu coração, um sol pulsante anuviado

Coração apertado

A alguns dias chove

A alguns dias me procuro

Tento me encontrar

Uma lágrima insiste em correr

Não sei porque

Talvez seja uma gota de chuva

Céu nublado

Cabeça parcialmente

Com tendência a trovoadas

Vontade de correr

Na chuva

Pra onde?