terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Inconstância

Faz um tempo que não escrevo
talvez tenha me perdido no caminho
correndo contra o tempo
sem descanso
buscando energia
para continuar.

Se alguém me parasse e me obrigasse a falar...
eu talvez chorasse
ou talvez não

Abri um envelope antigo,
(na verdade um saquinho de papel pardo)
letras tombadas, distantes
que diziam, usando palavras alheias:

"A coragem abandonou nossa raça. Talvez na verdade nunca a tenhamos tido. [...] Contudo, creio que se um homem devesse viver a sua vida em toda a plenitude, dar forma a todos os sentimentos, expressão a todos os pensamentos, realidade a todos os sonhos, creio que o mundo ganharia um novo impulso de alegria que nos levaria a esquecer todos os males do medievalismo e a regressar ao ideal helénico."


Lembrei-me de um tempo qualquer
quando a inocência ainda persistia
(talvez ainda persista até hoje)

Um ambiente verdejante
uma semi-arena
uma pessoa
outra pessoa
um abalo sísmico metafórico
e o tempo então se estancou

Aquilo nunca havia acontecido
não daquela forma
leves plumas bailavam no ar
enquanto a terra não parava de tremer
desde então me desconheço
vago pelos cantos
inconstante

Talvez devesse jogar fora minha bússola
minhas cartas geográficas
teorias e teoremas
e seguir meu coração
Mas sou racional demais para isso

Na verdade assumo:
tenho medo do inseguro
tengo miedo del amor y no saber amar
tenho medo de ficar só
tenho medo de dobrar a esquina e deixar alguém esperando
tenho medo de não conseguir

Por ser inconstante
vezes creio
vezes descreio
talvez algum ser racional observando meus atos diga:
"Atire-o ao mar!"
talvez um ser insano diga:
"Continue criatura..."
talvez um ser imaginário diga:
"Dê-me tua mão e caminhe comigo talvez possamos encontrar o caminho"

Talvez eu diga sim
talvez diga não
inconstante que sou.



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